terça-feira, 13 de novembro de 2007

A nova Alexandria: UNESCO lança protótipo de biblioteca digital mundial

Fonte: FNDC

Com o propósito de tornar visíveis e gratuitas relíquias do mundo e suas biografias a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) lançou no dia 17 de setembro, durante a 37ª Conferência Geral da entidade, em Paris, o protótipo do site da World Digital Library (Biblioteca Digital Mundial). Trata-se de uma espécie de biblioteca de Alexandria virtual. O Brasil é um dos países convidados a ser parceiro-fundador do projeto.

Dos manuscritos aos mosteiros, deles para as universidades, destas às estandes públicas, e daí para o mundo virtual. Séculos de imagens e histórias guardadas em opulentas estantes, em silêncio visitadas. Através dos avanços tecnológicos, hoje elas se propagam digitalmente pela internet. Aproximadamente entre 280 a.C e 416, a principal fonte de conhecimento e cultura da humanidade foi a biblioteca de Alexandria, cidade egípcia. Concentrava milhares considerável de pergaminhos, manuscritos e livros. Foi destruída por um incêndio.

Agora, uma espécie de Alexandria virtual - livre do risco de ser queimada - vai ganhando forma através da World Digital Library (WDL). Bibliotecas do mundo inteiro vêm digitalizando seu acervo. Abrigar esses conteúdos em um único espaço e promover a compreensão e consciência sobre história e cultura de diversos países estão entre os objetivos do site.

A representação do Brasil está a cargo da Biblioteca Nacional (BN) http://www.bn.br/site/default.htm que já enviou reproduções de mapas e registros fotográficos raros do país no século XIX.

Liana Gomes Amadeo, diretora do Centro de Processos Técnicos da BN confia que o site efetivamente permitirá o acesso aos documentos mais relevantes sobre a cultura e história dos países participantes. Dessa forma, os usuários da internet poderão acessar os acervos representativos de diferentes culturas reunidos num único portal de busca. “A digitalização é atualmente uma poderosa ferramenta de democratização no acesso ao conhecimento tanto histórico quanto corrente”, afirma.

Para Tânia Leopoldina Petrazzini Diniangst, coordenadora do núcleo de documentação da Fundação de Economia e Estatística do Estado do Rio Grande do Sul (FEE) o projeto é ao mesmo tempo ousado e fantástico. "É algo que propicia uma melhor educação”comenta. A FEE coordena e mantém a Biblioteca Virtual do RS (BVRS).

Realidade Nacional

A Biblioteca Nacional iniciou seu processo de digitalização em 2003 com a montagem de seu Laboratório de Digitalização. A iniciativa consolidou-se em 2006, com lançamento da Biblioteca Nacional Digital. Liana, diretora da BN, ressalta que a disponibilização pela Internet dos documentos digitalizados possibilita a ampliação, democratização e universalização dos mesmos assim como sua preservação. Atualmente a Biblioteca Nacional Digital já disponibiliza em rede mais de 5.000 itens totalizando cerca de 900.000 arquivos digitais entre imagens, textos e músicas. É considerada pela UNESCO a oitava biblioteca nacional do mundo, é também a maior biblioteca da América Latina.

Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Marco Antonio Rodrigues, coordenador do portal Domínio Público do Ministério da Educação (MEC) disse que o Brasil conta com diversos projetos de digitalização de acervos de suas bibliotecas, mas que eles são feitos em paralelo, com pouca comunicação entre as instituições envolvidas. Segundo Rodrigues há uma convergência para a idéia de compatibilidade de acervos, mas isso ainda está em projeto. Na opinião de Tânia, da FEE, é preciso uma política pública voltada especificamente para a questão da gestão da informação e da sua organização e disponibilização.

Enquanto a compatibilidade de acervos não sai do papel, a BN através da Rede da Memória Virtual Brasileira vai unindo acervos de diversas instituições nacionais.

O projeto – implantado em 2006 - visa, segundo Liana, a produção de conteúdos digitais culturais-educativos inéditos, através da articulação de parcerias com universidades, museus e centros culturais do país, nas esferas federais, estaduais e municipais. Pretende contribuir para a implantação de políticas de digitalização e a criação de um Repositório Digital da Memória Nacional. Até o momento conta com a parceria de três instituições federais, uma estadual, duas municipais e duas instituições privadas.

Já a BVRS – que não integra a Rede - por enquanto é somente um catalogo virtual, tendo apenas 10% do material digitalizado que é produzido pelas instituições participantes. “É uma iniciativa que está muito incipiente, nós estamos recém começando. Como órgão estatal enfrentamos uma carência de recursos. Esse projeto da UNESCO poderá ampliar um pouco o debate sobre a digitalização de conteúdo”, conclui Tânia.

Gênese do projeto:

A idéia de se construir a WDL surgiu da proposta do bibliotecário do Congresso Americano James Hadley Billington na comissão nacional dos Estados Unidos para o UNESCO em junho 2005.
Mais informaçoes sobre a WDL clique aqui.

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