quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Seminario "Do Atlântico ao Pacífico" no Fórum-UFRJ

SEMINÁRIO INTERNACIONAL: DO ATLÂNTICO AO PACÍFICO, 200 ANOS DA CHEGADA DA FAMÍLIA REAL E 100 ANOS DE MIGRAÇÃO JAPONESA

International Conference: From the Atlantic to the Pacific. 200 years since the arrival of the royal family and 100 years of Japanese immigration


Local/Location
: SALÃO DOURADO do Fórum de Ciência e Cultura da Universidade Federal do Rio de Janeiro (FCC-UFRJ)

17 a 19 de setembro de 2008 / 17-19 September 2008

PROPOSTA
Diversos eventos vão discutir o significado da vinda da Família Real em 1808 não só de forma celebratória, mas como uma forma de refletir a entrada do Brasil no circuito global de mercadorias e idéias, não só como fornecedor de matérias-primas para Europa, mas como um momento que fez do Brasil centro provisório de um império colonial. Nesse sentido, a abertura dos portos coincide com a criação de diversas instituições culturais e acadêmicas, recolocando nosso lugar no mundo atlântico.
Nossa proposta seria não se ater a uma visão celebratória, mas nos determos no presente, indagando qual seria a herança deste passado atlântico, iniciado com as navegações do século XVI, marco do projeto imperial europeu e base da civilização ocidental centrada nas forças das armas, na fé cristã e nos ideários greco-latinos, e estendido no século XIX, pelos naturalistas e viajantes letrados? Civilização atlântica que deve ser pensada a partir do diálogo e conflitos instaurados pela diáspora africana, pelos europeus transplantados e pelos indígenas desterrados na sua própria terra.
A comemoração dos 100 anos da migração japonesa pode nos oferecer uma outra pista para fechar nossa proposta, não apenas para adicionar mais uma herança na desgastada imagem de cadinho multicultural ,que vem fraturando nossa visão de um Brasil lusófono, ocidental, europeizante. Não se trata apenas de redescobrir ou recontar um acontecimento do passado, mas olhar um presente e a promessa de um diálogo que desejamos que seja maior e multilateral.
O Brasil, sobretudo pelas suas elites políticas e culturais tem uma longa história de voltar mais seus olhos, mentes e corações para a Europa e para os EUA. Mais recentemente, estamos redescobrindo a África, a América Latina e o Caribe, mas o Oriente sempre nos pareceu longe demais, ainda que os chineses tenham chegado à América em 1421, como se constata em trabalhos recentes.
Gradualmente estamos nos despertando para a importância da Ásia, seja devido à comemoração dos 100 anos da migração japonesa, seja devido ao crescimento econômico, primeiramente verificado no Japão, depois em Taiwan, Coréia do Sul, Hong Kong e Singapura, e a partir dos nos 80, na China. No entanto, o diálogo cultural ainda é precário. Há muitos trabalhos jornalísticos, relatos de viagens e poucos trabalhos mais substantivos. Este seminário não quer ser apenas mais um evento, mas uma contribuição para o desenvolvimento de diálogos, convênios e um estímulo para a criação de pesquisadores interessados nas relações entre América Latina e Extremo Oriente.


PROGRAMA/PROGRAM


DIA 17 DE SETEMBRO DE 2008 / 17 SEPTEMBER 2008

19h – Abertura / Opening session

Palestra/Keynote speech: Naoki Sakai
, Professor do Departamento de Estudos Asiáticos da Universidade de Cornell, autor de Translation and Subjectivity entre outros e editor de Traces.

Colonial Difference and Modernity
In this presentation on ‘colonial difference and modernity’ I will conduct a historical analysis of the Eurocentric narrativisation of ‘modern,’ and examine the aspects of modernity that are closely associated with the historical emergence of the West. But I will also address those aspects of modernity which most effectively undermine and disrupt the ‘colonial difference,’ the distinction of the West from the Rest of the world sustained in the synchronous figuration of the West and the Rest that I have elsewhere called “the co-figuration of the West and the Rest.” In searching for a mode of modernism that eludes and interrupts the colonial difference, I will refer to the problem of contemporaneity.

Diferença colonial e modernidade
Nesta apresentação sobre a “diferença cultural e modernidade”, conduzirei uma análise histórica da narrativização eurocêntrica do “moderno” e examinarei os aspectos da modernidade mais estreitamente ligados à emergência histórica do Ocidente. Mas também comentarei os aspectos da modernidade que mais minam e quebram a “diferença colonial” ou a diferenciação entre o Ocidente e o resto do mundo, sustentada na figuração sincrônica do Ocidente e o “resto” que já chamei de “the co-figuration of the West and the Rest”. Na busca de um modo do modernismo que foge e interrompe a diferença colonial, me referirei ao problema da contemporaneidade.



DIA 18 DE SETEMBRO DE 2008 / 18 SEPTEMBER 2008

10h - Mesa-redonda: CIDADES E PERIFERIAS GLOBAIS
Round Table: GLOBAL PERIPHERIES AND CITIES

Nicolau Sevcenko
é Professor da Universidade de São Paulo e autor de O Orfeu Extático na Metrópole [Orpheus ecstatic in the metropolis], entre outros.

Arquipélagos protendidos: o estigma do urbanismo do pós-guerra como desafio para as cidades do séc. 21
A grande corrida tecnológica deflagrada ao redor da II Guerra Mundial, resultou em um modelo urbanístico concebido como planejamento reticular de focos concentrados de investimentos de capital, dispersão espacial, gestão de fluxos e monumentalismo espetacular. Os efeitos anti-sociais desse padrão foram ainda exacerbados pelo impacto da revolução microeletrônica. A melhor inspiração para enfrentar esse desafio provém dos primerios críticos desse modelo.

Stretched archipelagos: the stigma of post-war urban planning as a challenge to cities of the 21st century
The great technology race unleashed around World War II gave rise to a model of urban planning conceived as a grid of focused capital investment, spatial dispersion, administration of flows and spectaclular monumentality. The anti-social effects of this pattern were exacerbated by the impact of the microeletronic revolution. The best inspirations in facing this challenge are found in the model’s first critics.


Carlos Vainer
é Professor do IPPUR [Institute of Urban and Regional Research and Planning] – Universidade Federal do Rio de Janeiro e co-organizador de A Cidade do Pensamento Único [The city of neoliberal thinking], entre outros.

Cidades, cidadelas e a utopia do reencontro: uma reflexão sobre utopia e urbanismo
Buscando pensar os fundamentos de uma utopia urbana que inclua a cidade tolerante entre seus objetivos, sem fetichizar a história ou fazer do futuro a reiteração realista do presente, o autor ressalta o papel transformador dos sujeitos sociais que procuram fazer do direito à cidade uma condição da existência social. A construção da cidade justa e tolerante deverá fazer-se acompanhar, porém, do exercício da crítica dos processos que engendram e reproduzem a cidade injusta e intolerante e do exercício de encontros autênticos e irredutíveis ao simulacro do marketing urbano.

Cities, citadels and the utopia of reencounter: reflections on utopia and urban planning
Theorizing the basis of an urban utopia that has the tolerant city as one of its objectives, without fetishizing history or making the future a realistic reiteration of the present, the author highlights the transforming role of social subjects that try to make the right to the city a condition for social existence. The construction of a just and tolerant city should be accompanied, however, by the critique of processes that engender and reproduce the unjust and intolerant city and of the exercise of authentic encounters that are not reducible to a simulacrum of marketing.


Margareth Pereira
é professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo - UFRJ e autora de Le Corbusier e o Brasil, entre outros.

Com o globo em suas mãos: os panoramas-salon e o aprendizado das cidades globais do primeiro liberalismo
Criticar, corrigir, amar cidades: a agenda de muitas culturas urbanas no século XIX esteve envolvida neste processo. De Roma a Londres, do Rio a Jerusalém, passando por Constantinopla os grandes panoramas urbanos em 360° renovaram a cultura visual moderna, criando uma comunidade “internacional” que aprendeu a observar e comparar cidades. Com o globo em suas mãos, citadinos de diferentes latitudes aprenderam, assim, a reconhecer as cidades globais do passado e aquelas que, agora, pareciam atualizar promessas de prosperidade e beleza.

With the globe in their hands: salon panoramas and learning in the global cities of the first liberalism
Criticising, correcting, loving cities: the agenda of many urban cultures in the 19th century was involved in this process. From Rome to London, Rio to Jerusalem, by way of Constantinople, the great urban 360° panoramas renewed modern visual culture, creating an “international” community that learned to observe and compare cities. With the globe in their hands, urbanites of different lattitudes learned to recognize the global cities of the past and those that seem, now, to make similar promises of prosperity and beauty.


Ivana Bentes
é Professora da Escola de Comunicação - UFRJ e autora de A Periferia Global (em preparação), entre outros.

Periferia Global
As periferias e favelas sempre foram o outro da cidade moderna: lugar da miséria, dos guetos, dos deserdados, e simultaneamente espécie de cartão-postal perverso, com suas reservas de "tipicidade". No contexto global, com a emergência do cognitariado, as periferias globais emergem como laboratório de experimentação no capitalismo cognitivo e biopolítico, com a produção de outros modelos de cidade. Cidades ersatz, substitutas, "duplos" da cidade formal (Ersatzstadt), apontando para imagens –mundo e diferentes formas de vida. Análise da produção audiovisual e midiática.

Global Periphery
Peripheries and favelas have always been the Other of the modern city: places of poverty, ghettos, of the disinherited, and at the same time a kind of perverse visiting card, with their reserves of “typicality”. In the global context, with the emergence of the cognitariate, global peripheries emerge as laboratories for the experiments of cognitive capitalism and biopolitics, with the production of different models for the city. Ersatz, substitute cities (Ersatzstadt) that “double” for the formal city are examined, through the analysis of audiovisual media, world-images and different ways of life.


Coordenação: Heloisa Buarque de Hollanda é Professora Titular da Escola de Comunicação - UFRJ, autora e coordenadora de diversos livros, entre eles Pós-Modernismo e Política .



15h - Mesa-Redonda: DIÁLOGOS ENTRE ÁSIA E AMÉRICA LATINA
Round Table: DIALOGUES BETWEEN ASIA AND LATIN AMERICA

Gonzalo Aguilar
é Professor da Universidade de Buenos Aires e autor de Otros Mundos e A poesia concreta: as vanguardas na encruzilhada modernista [Concrete poetry: vanguards at the modernist crossroads].

ORIENTE GRAU ZERO: HAPPY TOGETHER DE WONG KAR WAI
En 1997, Wong Kar Wai chegou na Argentina para filmar Happy Together. Este filme, segundo um escritor argentino, marca o início do novo cinema argentino. Ainda que se trate de uma boutade, a partir dessa afirmação investigarei as relações entre o cinema argentino e o “cinema oriental” e a significação que teve esse filme no contexto da década de 90 do século passado.

The Orient Degree Zero: Wong Kar Wai’s Happy Togehter
Wong Kar Wai arrived in Argentina in 1997 to film Happy Together. According to one Argentine author, this marked the beginning of the new Argentine cinema. This witticism will be used to investigate the relationship of Argentine cinema to “eastern cinema” and the significance of Happy Together in the context of the 1990s.


Darci Kusano
é Livre-Docente pela Universidade de São Paulo e autora de Os Teatros Bunraku e Kabuki: Uma visada Barroca [Bunraku and Kabuki theater: a barroque perspective]; Mishima: Homem de Teatro e de Cinema [Mishima: Man of the theatre and of the cinema], entre outros.

Mishima no Brasil
Por que Mishima teria vindo ao Brasil em 1952? Abordagem da opereta "Bom Dia, Sra.!", do conto "Mulheres Insatisfeitas" e do drama "A Toca de Cupins", inspirados respectivamente no carnaval do Rio, na estadia em SP e numa fazenda em Lins; bem como do filme "Patriotismo", dirigido e interpretado por Mishima.

Mishima in Brazil
Why did Mishima come to Brazil in 1952? This paper analyses an operetta, “Good Morning, Madam”, a short story, “Dissatisfied Women”, and a play “The Termites Burrow”, inspired, respectively, in the carnival in Rio, Mishima’s stay in São Paulo and a farm in Lins, as well as a film, “Patriotism”, of which Mishima was both director and actor.


Italo Moriconi
é Professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e Editor da EdUERJ. Autor de A provocação pós-moderna, entre outros.

Pós-etnografia e globalização imaginada na recente literatura brasileira.
A globalização transforma a relação etnográfica em relação política e existencial entre sujeitos de identidades desestabilizadas. As narrativas contemporâneas sobre o outro ou o até-há-pouco-exótico pertencem a essa cena pós-etnográfica. Propõe-se aqui apontar para o apagamento da identidade e a existência deslocada em dois textos recentes da prosa ficcional brasileira: o romance Um sol se põe em S. Paulo , de Bernardo de Carvalho, e a novela Rakushisha, de Adriana Lisboa, ambos publicados em 2007.

Post-ethnography and imagined globalization in recent Brazilian literature
Globalization makes ethnographic relationshipsinto political and existential relations between subjects with destabilized identities. Contemporary narratives about the other or the until-recently-exotic belong to this post-ethnographic scene. The erasure of identity and shift in existential questions will be examined in two recent pieces of Brazilian fiction: Um sol se põe em São Paulo [A Sun Sets in São Paulo], by Bernardo de Carvalho, and the novel Rakushisha, by Adriana Lisboa, both published in 2007.


Coordenador e participante:
Eduardo Coutinho, Professor Titular da Faculdade de Letras - UFRJ e autor de Literatura Comparada na América Latina, entre outros.

Heterogeneidade e Paisagens Transculturais Latino-Americanas: Algumas reflexões
Reflexões sobre conceitos como os de “transculturação”, “heterogeneidade cultural”, “hibridez”, “pós-ocidentalismo”, e “geocultura da América Latina”, entre outros, à luz das contribuições oriundas da nova Literatura Comparada e das novas paisagens transculturais que vêm remapeando a cartografia do continente latino-americano.

Heterogeneity and Latin American Transcultural Landscapes: Some reflections
Reflections on the concepts of, among others, transculturation, cultural heterogeneity, hybridity, post-occidentalism, and the geoculture of Latin America, in light of recent contributions from Comparative Literature and from the new transcultural landscapes that have redrawn the map of the Latin American continent.



DIA 19 DE SETEMBRO DE 2008

10h - Mesa-Redonda: ENTRE O PACÍFICO E O ATLÂNTICO
Round Table: BETWEEN THE ATLANTIC AND THE PACIFIC

Francisco Carlos Teixeira
é Professor Titular do IFICS/UFRJ e organizador de O Mundo Latino e a Globalização e O Século Sombrio [The sombre century], entre outros.

Do Atlântico ao Pacífico através dos Andes
No momento que se comemora, com ênfase duvidosa, a chegada da Corte Portuguesa ao Brasil temos uma boa oportunidade de refletir sobre as relações entre o Brasil e seus vizinhos sul-americanos. As diferenças institucionais ( repúblicas versus Império ) e o direcionamento até muito recente das elites brasileiras para o eixo norte-atlântico (Europa e EUA) permitem repensar o colonialismo cultural e a interiorização da Metrópole pelas elites nacionais.

From the Atlantic to the Pacific Across the Andes
The commemoration, with dubious emphasis, the arrival of the Portuguese Court in Brazil, is a good moment to reflect on the relations between Brazil and its South American neighbors. Institutional differences (republics versus Empire) and the orientation, until very recently, of Brazilian elites to the North Atlantic axis (Europe and the USA) permit us to rethink cultural colonialism and the internalization of the Metropolis by national elites.


Guillermo Giucci
é Professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro e autor de Viajantes do Maravilhoso [Travelers of the marvellous) e A Vida Cultural do Automóvel [The cultural life of the automobile], entre outros.

A revelação do fim do mundo: a Terra do Fogo
No início do terceiro milênio, não há mais o desconhecido geográfico. Entretanto, o processo de descobrimento do mundo levou muitos séculos para ser completado. A história da colonização da Terra do Fogo apresenta um esplêndido laboratório para examinar o processo de revelação de uma região do planeta denominada, desde o século XVI, “o Fim do Mundo”.

The revelation of the end of the world: Tierra del Fuego
At the beginning of the third millennium, there are no more geographical unknowns. However, the process of discovering the world took several centuries to complete. The history of the colonization of Tierra del Fuego is a splendid laboratory for examining the process by which a region of the world known, until recently, as the “end of the world”, was revealed.



Helion Póvoa Neto é Professor do IPPUR/UFRJ, coordenador do NIEM (Núcleo Interdisciplinar de Estudos Migratórios) e co-editor de Mundos em Movimento.

Trânsitos e impedimentos oceânicos: espaços da fluidez, territórios do controle
Mares e oceanos têm sido, ao longo da história, espaços de trânsito e de intercâmbio, através dos quais se desenvolveram os grandes processos migratórios entre os continentes. A intensificação das atitudes de rejeição aos imigrantes nas áreas de chegada, a par das condições que continuam incentivando e mesmo exigindo os movimentos de saída, transformam esses espaços de trânsito em territórios sujeitos à vigilância e sobre os quais se busca impor mecanismos de controle sobre migrantes e refugiados. Mediterrâneo, Atlântico e Pacifico foram e são os palcos dessa disputa entre fluidez e retenções, entre liberdade e violência.

Ocean transit and obstructions: spaces of fluidity, territories of control
Seas and oceans have been spaces of transit and exchange, over which great intercontinental migratory flows have passed. Increasingly intense rejection of immigrants at the points of arrival, together with conditions that continue to stimulate or even require emigration, make these spaces into territories subject to surveillance and mechanisms of control over migrants and refugees. The Mediterranean, Atlantic and Pacific were and are the scene of a dispute between fluidity and retention, freedom and violence.


Jorge Fernandes da Silveira é Professor Titular da Faculdade de Letras - UFRJ e autor de O Tejo é um Rio Controverso [The Tagus is a controversial river], entre outros.

O Tejo é um rio controverso

A partir das teses de António José Saraiva sobre Os Lusíadas – com destaque para a que expõe a “contradição central” do poema – considerações em torno da recepção da epopéia camoniana na forma de expressão da consciência crítica do seu autor e na formação da identidade cultural brasileira.

The Tagus is a controversial river
António José Saraiva’s theses about The Lusíadas, especially the one about the “central contradiction of the poem, are the basis for considerations on the reception of Camões’s epic as an expression of the critical awareness of its author and of the formation of Brazilian cultural identity.


Coordenação: Liv Sovik é Professora da Escola de Comunicação - UFRJ e autora de Aqui Ninguém é Branco: tradição e utopia na música popular [Here no one is White: Tradition and utopia in popular music] (em preparação).



15h - Mesa-Redonda: REPENSAR O MUNDO

Gustavo Lins Ribeiro
é Professor Titular da Universidade de Brasília e autor de Postimperialismo entre outros.

Repensando o mundo desde sua base: a globalização popular e o sistema mundial não hegemônico
Existem mercados populares e fluxos de comércio que formam uma globalização econômica não-hegemônica e que são considerados ilegais e ilícitos pelos poderosos. Discuto o que está em jogo na estruturação desses mercados e fluxos, e cunho a noção de sistema mundial não-hegemônico, analiticamente dividido em duas esferas interconectadas: o “crime organizado global” e a “globalização popular”. O sistema mundial não-hegemônico, animado pela globalização popular, está composto de nós, os mercados populares, e de fluxos entre estes nós, dinamizados por redes de migrantes e diásporas.

Rethinking the world from the bottom up: people’s globalization and the non-hegemonic world system
Street markets and trade flows form a non-hegemonic economic globalization, while they are considered illegal and illicit by the powerful. I discuss what is at stake in the structuring of these markets and flows and put forward the notion of a non-hegemonic world system, analytically divided into two interconnected spheres: “global organized crime” and globalization from below or people’s globalization. The non-hegemonic world system, animated by globalization from below, is composed of nodes, street markets, and flows between them, stimulated by migrant networks and diasporas.


Bruce Robbins
, Professor da Columbia University, autor de Feeling Global e Cosmopolitics, entre outros.

Praise and Blame in the International Public Sphere
How can rhetoric be mapped onto geopolitics? Rhetoric is no stranger to power. But attention to the effects of power on language, as in "speaking for" or "speaking as" or "speaking from," have largely been confined to questions of multiculturalism, which is to say confined within a given national context. Cultural critics have not focused in a theoretically sustained way on cosmopolitan speech at the level of the so-called world system. That is the project I will try to report on.

Elogio e culpa na esfera pública internacional
Como pode a retórica ser plasmada na geopolítica? A retórica não é estranha ao poder. Mas a atenção aos efeitos do poder na linguagem, como em “falar por” ou “falar enquanto” ou “falar a partir de” têm sido restrita a questões de multiculturalismo e, portanto, a contextos nacionais específicos. Críticos culturais não vêm pensando, de uma forma amparada na teoria, sobre a fala cosmopolita no “sistema mundo”. Este é o projeto que procuro relatar.


Raul Antelo
é Prof. Titular da Universidade Federal de Santa Catarina. Entre seus livros recentes destacam-se Crítica Acéfala e Maria com Marcel Duchamp nos Trópicos.

O globo, o quadro, o espelho: o símbolo pelo avesso
Levinas nos propôs o conceito de entre-tempo (1948) para definir uma posição perante a transparência e transcendência fenomenológicas mas também perante a imanência da semelhança e da imagem. Nos interstícios do tempo, numa eterna e paradoxal, quando não vertiginosa, imobilidade da duração, o tempo de uma obra consiste na sua singular duração no intervalo. O conceito de entre-tempo (como mais tarde o de entre-lugar) nos permite pensar um regime pós-autonômico, i.e. pensar por imagens.

The globe, the frame, the mirror: the symbol inside out
Levinas proposes the concept of between-times (1948) to define a position in the face of phenomenological transparency and transcendence, but also in the face of the immanence of likeness and the image. In the interstices of time, in an eternal and paradoxical, even vertiginous, immobility of duration, the time of a work consists of its singular duration in an interval. The concept of between-times (like, later on, that of the in-between) allows us to think of a post-autonomous regime, that is, to think in images.


Denilson Lopes é Professor da ECO/UFRJ e autor de A Delicadeza: Estética, Experiência e Paisagens [Delicacy: Esthetics, Experience and Landscapes].

De volta ao Mundo
Se seguimos a provocação de Negri e Hardt que só uma resistência global terá eficiência, como podemos pensar este debate na arte para além das diásporas e hibridismos interculturais? A partir dos diferentes sentidos na literatura, na música e, finalmente, no cinema que o termo mundial e global assumem; faremos uma breve análise de “Até o Fim do Mundo” de Wim Wenders e “O Mundo” de Jia Zhang-ke para refletirmos sobre que é pensar o mundo e quem pode pensar o mundo hoje.

Around the world
If we follow the provocation of Negri and Hardt that only global resistance will be effective, how can we think of the debate in art, beyond diásporas and intercultural hybrids? Based on the different meanings the terms “world” and “global” take on in literature, music and cinema, brief analyses will be presented of Wim Wenders’ “Until the End of the World” and Jia Zhang-ke’s “The World” in order to reflect on what it is to conceive of the world and who can do that today.


Coordenação: Beatriz Resende, Coordenadora do Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ e autora de Lima Barreto e o Rio de Janeiro em Fragmentos [Lima Barreto and Rio de Janeiro in pieces] e Contemporâneos:Expressões da Literatura Brasileira no século XXI. [Contemporaries: Expressions of Brazilian Literature at the Twenty-First Century], entre outros.


18h - Palestra de Encerramento/Closing Speech

Silviano Santiago
foi professor da Universidade Federal Fluminense, é escritor e ensaísta, autor de vários livros, entre os mais recentes destacamos o romance Heranças [Inheritance] e o livro de ensaios O Cosmopolitismo do Pobre [The cosmopolitanism of the poor].

Destino: Universalismo. Atalho: nacionalismo. Recurso: cordialidade
Trabalha-se universalismo e nacionalismo a partir da noção de crise, como a define o paquistanês Kishmore Mahbubani (Can Asians think?). Deve ser lida pelo ideograma chinês correspondente, que assimila dois caracteres, que significam respectivamente perigo e oportunidade. Do perigo globalizado nasce a oportunidade da transformação local, podendo o resultado trazer o enriquecimento mútuo.

Destination: Universalism. Shortcut: nationalism. Resource: cordiality
Universalism and nationalism are discussed from the standpoint of the notion of crisis as defined by the Pakistani author Kishmore Mahbubani (Can Asians Think?). Crisis should be understood by way of its Chinese ideogram, composed of the characters meaning danger and opportunity. The opportunity for local transformation is born of globalized danger, and the result may bring mutual enrichment.

fonte: Lista da compós

Nenhum comentário: