terça-feira, 21 de agosto de 2007

CFP Revista Devires

CHAMADA PARA APRESENTAÇÃO DE ARTIGOS

A revista Devires - Cinema e Humanidades, publicação conjunta
do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e
do Mestrado em Antropologia, ambos da
Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG,
prorrogou para o dia 03 de setembro o prazo para
recebimento de contribuições para sua próxima
edição, prevista para ser lançada em Novembro de 2007.

O próximo número terá um dossiê dedicado ao tema Vestígios do
real: a inscrição do tempo, mas ressaltamos que a revista
continua recebendo os artigos de temática livre.
Confira em nosso site as normas
<http://www.fafich.ufmg.br/~devires/3/normas.htm>
de publicação da revista.


A fim de indicar as implicações contidas na escolha do tema do
próximo dossiê, apresentamos, a seguir, uma breve ementa com o intuito de
suscitar a intervenção diferenciada dos autores.

Vestígios do real: a inscrição do tempo


Como tática de resistência às estratégias de espetacularização
disseminadas pelos diferentes gêneros discursivos na televisão
e no cinema, alguns filmes contemporâneos - documentários e
de ficção - têm desenvolvido recursos expressivos
que se contrapõem vivamente aos poderes da simulação e
da imagem calculada, fazendo valer o mundo da experiência,
da iniciação e da transmissão - numa palavra,
aquilo que Jean-Louis Comolli nomeou inscrição
verdadeira: presença indicial dos lugares
(sociais e históricos), dos corpos, dos gestos e das vozes,
apanhados no momento mesmo em que se
constitui a relação entre quem filma
e quem é filmado¹. Depois de superadas
as pressuposições ingênuas quanto ao objetivismo
desse vestígio que o mundo deixa impresso nas imagens,
bem como reavaliada criticamente a supervalorização
que autores como André Bazin e Roland Barthes
concederam um dia àqueles signos que emanam do referente,
hoje podemos reafirmar - em nova chave e em consonância
com diferentes criadores, críticos e teóricos
- o quanto "a força do cinema vem do que ele inventa
a partir da hipótese indicial e de seus problemas"²,
para tomar de empréstimo as palavras de
Ismail Xavier. Contudo, se a convivência entre
o registro documental e a encenação não é algo novo
no cinema moderno - desde Moi, un noir (Jean
Rouch) e Iracema (Jorge Bodanski e Orlando Senna) -
para citar apenas dois exemplos - uma inflexão nova
nas relações entre a presença e o artifício, o
espontâneo e o construído surge nos filmes de diversos autores
contemporâneos. Sem esquecer as diferenças que animam os projetos
estéticos desse grupo diversificado de realizadores,
gostaríamos de ressaltar o quanto, em cada filme,
simultaneamente, uma parte do real se inscreve,
enquanto outra permanece não de todo filmável,
fissura aberta na representação - e isso sem recorrer
aos procedimentos reflexivos típicos da
modernidade cinematográfica, empenhados em exibir
o caráter de coisa
construída (com os elementos do discurso)
da representação.


Poderíamos extrair daí um conjunto de questões a serem abordadas no
dossiê
que ora propomos:


- Novas formas de se conceber - e realizar - as relações entre
documentário
e ficção.

- Quais os recursos expressivos de que se valem os filmes para dar
conta de
temporalidades mais extensas, próprias para acolher a duração dos
eventos?
(não importa a sua dimensão, corriqueiros ou monumentais, cotidianos
ou
extraordinários...).

- Quais as outras maneiras de se explorar esse "rastro empírico do
mundo"
(Ismail Xavier) no filme, para além do recurso usual da entrevista?
Há, sem
dúvida, diversos outros modos de se conceber a presença da palavra
nos
filmes (de ficção e documentário), relacionando-a ao personagem, com
seu
corpo, rosto, gestos...


- No domínio particular do documentário, como é possível a
convivência de
elementos de natureza plástica ou pictórica com outros de natureza
indicial?




¹ COMOLLI, Jean-Louis. Voir et pouvoir. L'innocence perdue: cinéma,
télévision, fiction, documentaire. Paris: Verdier, 2004
² XAVIER, Ismail. Iracema: o cinema-verdade vai ao teatro. Devires,
v.2. n.
1, 2004, p. 75.



Atenciosamente,



César Guimarães

Ruben Caixeta de Queiroz

Anna Karina Bartolomeu

Carlos Maco Mendonça

Roberta Veiga



Editores da Devires - Cinema e Humanidades

www.fafich.ufmg.br/~devires

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