sábado, 20 de outubro de 2007

Saiu a Inovcom - Revista Brasileira de Inovação Científica em Comunicação - Vol. 2, No 1 (2007)

Esta edição da Inovcom é pequena mas significativa. Os artigos submetidos provêm de várias instituições brasileiras, o que denota a pluralidade da revista e, também, reafirma a proposta da Inovcom.

Em “Internet como esfera pública”, Jany Carla Arruda, Maria Jany Carla Arruda da Silva, Maria Aarecida Barros Vágula, Laysa Maria Moraes, Josiane Silva dos Santos, do Centro Universitário da Grande Dourados (Unigran), buscam a intercessão entre os âmbitos da filosofia e da comunicação, esfera pública e sociedade em rede, respectivamente, partindo das formulações de Manuel Castells e Jurgen Habermas. As autoras questionam se a comunicação na rede pode se configurar como promotora de um espaço para debates e desenvolvimento de cidadãos mais reflexivos e participativos, entendendo a Internet como locus que melhor favorece o desenvolvimento de cidadãos ativos e críticos, principalmente pelo fato de as possibilidades de emissão informacional inerentes a ela serem potencializadas.

“Cinema Interativo: estudos para uma possível proposta”, de Denis Porto Renó e Diego Bonilla Castañeda, da Universidade Metodista de São Paulo e da California State University, EUA, respectivamente (ambos membros da Red INAV - Red Iberoamericana de Narrativas Audiovisuales), discutem o cinema interativo, os obstáculos que impedem sua difusão e apresentam dois estudos – um brasileiro e um norte-americano - em desenvolvimento que têm como objetivo a viabilidade de um sistema digitalmente expandido que ofereça ao espectador processos de participação. O primeiro é dedicado a soluções narrativas e o segundo aos aportes tecnológicos.

Juliana dos Santos Padilha, da Universidade de Marília, traz “Ensaio sobre a cegueira: uma metáfora da linguagem e da comunicação hipertextual do ciberspaço”. A autora demonstra como a obra de José Saramago, com uma trama sem referências de tempo e espaço e uma linguagem que mistura diferentes vozes à de um narrador, pode ser uma metáfora da comunicação interativa e coletiva do ciberespaço, os quais também podem apresentar as características de atemporalidade e polifonia. O texto aponta relações de semelhança entre o enredo e a linguagem da obra e a comunicação da Internet, representada pelos textos configurados em hipertexto ou por qualquer texto que represente um esforço de comunicação e pela construção de identidade individual e coletiva implicada neste processo.

“Comunicação alternativa entre os indígenas de Dourados/MS: mobilização social ou interferências nas hierarquias comunicativas”, de Maria Alice Campagnoli Otre, mestranda da Universidade Metodista de São Paulo, apresenta resultado parcial de estudo de caso em que Otre analisa a comunicação popular-alternativa trabalhada por jovens indígenas das aldeias do Jaguapiru e Bororó, ambas da cidade de Dourados/MS. A autora procura entender qual a função da comunicação alternativa desenvolvida pelos jovens indígenas, num processo em que sua ação interfere nas práticas comunicativas tradicionalmente hierarquizadas pelos indígenas e ressemantiza as culturas e tradições dessas comunidades.

Em “Apareço, logo existo: a revista Sou+Eu sob a ótica da obra A sociedade do espetáculo”, Ada Caperuto, Ana Paula Casagrande de Oliveira, Daniela Beneti, Fábia Yoshida, Flávia Negrão, Maira Rita Begalli Nunes e Ricardo Filinto, da Fundação Casper Líbero, buscam estabelecer paralelo entre a obra de Guy Debord a revista Sou+Eu, publicação da Editora Abril. O enfoque é o cenário social atual: uma sociedade dominada pela ilusão das aparências, na era do “sou visto”. Um olhar que ao mesmo tempo em que envaidece e exalta, pune os seres-imagens não enquadrados na lógica do espetáculo.

Daiana Stasiak e Eugenia Mariano da Rocha Barichello, da Universidade Federal de Santa Maria demonstram, em “Midiatização e comunicação organizacional”, como modelos lineares e instrumentais predominam nos estudos teóricos da comunicação das organizações, o que não contempla a sua inserção em uma sociedade mais complexa. O ensaio teórico visa retomar conceitos funcionalistas com intuito de demonstrar que sua utilização não é mais compatível com o modelo social vigente, que tem a midiatização como um processo de referência e no qual a internet traz fluxos de comunicação e patamares de interatividade compatíveis com a atualização das práticas comunicacionais.

Esperamos que o leitor aprecie – no melhor sentido da palavra – estes textos e que se cumpra, mais uma vez, o propósito da comunicação da pesquisa: o de compartilhar resultados e submetê-los a outros olhares para que se avance dentro do campo da comunicação.

Boa leitura e aguardamos outras contribuições.

O acesso ao conteúdo completo da revista é feito pelo link:

http://revcom.portcom.intercom.org.br/index.php/inovcom/issue/current

Roberto Reis

Fonte: Jornal da Intercom

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