sábado, 13 de junho de 2009

A revolução da fonte no Jornalismo moderno, segundo Chaparro

Por Suzete Davi – Fonte: Jornalistas & Cia. 1/6/2009, Edição 694A, pág. 4

Em sua apresentação “Pequenos segredos para formar e tornar relevantes as fontes de informação”, no 12º Congresso [Brasileiro de Comunicação Corporativa], o jornalista e professor Carlos Chaparro (ECA-USP) transcendeu o título da palestra e trouxe uma nova perspectiva de análise da atividade jornalística, na qual as fontes passaram a pautar o jornalista, guindadas pela tecnologia da difusão.

“A tecnologia da difusão tirou do jornalista o poder da notícia e deu às fontes a competência de gerar fatos noticiáveis”, avisou o professor, fazendo a devida distinção entre a difusão (possibilidade de acesso simultâneo à mesma informação) e a simples distribuição da notícia. Ele citou como o exemplo o ataque às torres gêmeas nos Estados Unidos, assistida simultaneamente em todo o mundo, e classificou a tecnologia como a terceira revolução da história do Jornalismo.

A primeira, a da notícia, ganhou espaço com o advento do telégrafo; a segunda, a da tiragem, com o surgimento da rotativa; a quarta e atual, a revolução da fonte, que a era da tecnologia da difusão se encarregou de reposicionar fazendo-a parte ativa do Jornalismo, com o poder de gerar fatos noticiáveis, ou seja, de pautar o jornalista. Dentro desse novo conceito as fontes se organizaram, observou o professor.

Em sua análise, baseada em pesquisa, atrás de 95% de tudo o que é noticiado há uma fonte organizada, que usa essa ferramenta para alterar o curso da vida da cidade em favor de uma causa. Para Chaparro, essa revolução só faz valorizar o papel do jornalista, “ao contrário do que muitos pensam e têm até ensinado nas escolas de Jornalismo”. A população informada quer explicações para os fatos e cabe à reportagem o papel de levantá-los e discuti-los.

Nesse contexto, as redações têm papel fundamental e cada vez mais importante na qualidade da informação, afirmou. “O jornalista tem que ser educador das instituições, porque a informação é a energia dos processos sociais, não pode ser fraudada; e é com a articulação de boas fontes que se produz conhecimento, o que requer trabalho profissional”.

Chaparro classificou sete tipos de fontes: organizadas ou interessadas (têm conhecimento e interesse particular, que é legítimo e está na esfera dos interesses da sociedade); informais (humanizam a história, sua falta acarreta reportagens onde as pessoas não existem); de referência ou sábias (agregam o condimento essencial do conhecimento e o socializa); de aferição ou independentes; aliadas ou cúmplices (o off); documentais ou inéditas; e bibliográficas ou reconhecidas.

No final o professor destacou o valor dos fundamentos éticos do Jornalismo, que estão na Constituição: artigos 1º (soberania, cidadania, dignidade da pessoa humana, valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, pluralismo político), 3º (construir uma sociedade livre, justa e solidária; garantir o desenvolvimento nacional; erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação) e 5º (todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade).

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